sexta-feira, 25 de março de 2011

Surrealismo imaginário

Ele me amou durante os quinze segundos de novidade, depois dessa ilusão, eu tomei o choque de realidade e ela se dissipou dentro do meu corpo com sua eletricidade, não me importei e nem me importo, e ele nem deve mais pensar nisso. Porém ele é um pesadelo constante, instantâneo, o seu surgimento na minha mente é rápido, se pensamentos fossem concretos, eu os queimaria, mas acho que surgiriam como sempre e novamente.

Novidades só funcionam enquanto é novo, depois que envelhecem são apenas itens que se acumulam, perdidos. Podem serrenovadas ainda e se tornando renovidades, mas não é tão excitante como antes.

Eu deveria aprender que as coisas mudam, o tempo muda e as pessoas também, eu deveria acreditar mais em mim mesma, algo que não fiz várias vezes.

Depois que a euforia passou, ficaram apenas os sentimentos, então me dei conta de que eles existiam e estavam dentro de mim, adormecidos, deixam-me em uma constante montanha russa emocional entre tristeza, alegria e euforia.

Há linhas nos textos que não podem ser queimadas ou apagadas, pois mesmo assim fixam-se na mente e não consigo ou não posso fugir, só quando eu o esquecer ou se acontecer o que quero: o abstrato se tornar real, busca incessante da vida. Que as meras ilusões se tornem um surrealismo concreto e que os desejos se tornem verdade.

sexta-feira, 11 de março de 2011

Lusco-fusco

O dia adormeceu perante meus olhos. Eu me senti imbecil e quis adormecer junto com ele. Eu deixei a escuridão do recinto e talvez aquilo faria eu me sentir melhor, quero dias tranquilos, em sua paz distante. Quero dias sem você. Dias sem ele.

Quero tantas coisas que não sei mais. Minha vida se tornou um ciclo de fatos complicados a qual não quero pensar. A escuridão não tomava apenas o ambiente ou o lugar, também a mim e isto parecia dominar meus pensamentos. Eu havia perdido a chance por ser hipócrita, por não acreditar em mim mesma.

Enquanto isso, as luzes da cidade se acendiam e eu parecia me iluminar junto a elas. Eu era volúvel e sabia disso. As coisas podem ocorrer de novo, certo que não será tão fácil, porém tenho esperanças de deixar essa perseguição e essa obsessão de lado. Eu quero que chegue o dia e perguntar se não temos mais débitos emocionais e a resposta dele ser simplesmente não. Eu bem que queria.

O tempo e a convivência consertarão as coisas. Eu espero que seja assim, porém exigirá esforço mental e desgaste emocional, bastante, pois sentir algo sem ser recíproco, mesmo que por pouco tempo, corroi. Eu tornei insana desde que te conheci, quero minha sanidade de volta junto com o laranja simples do pôr-do-sol.

quarta-feira, 2 de março de 2011

Irresistíveis

Estou rodeada de propostas indecentes, que tentam ser convincentes o suficiente para eu aceitá-las, acho que algumas pessoas perceberam que desejo é algo entalado dentro de mim e como me acostumei com isso, encaro minhas vontades como algo natural. Estas propostas refletem meus pensamentos, minhas loucuras, ao invés de encará-las como uma ofensa, aceito-as ( se não ultrapassar meus limites éticos e moraias, a qual acho que nem existem mais), eu encaro os fatos e sangro a inconsequência de meus atos, sonhos e pensamentos. A vida é feita de vários tropeções que dividem a linha do certo e do errado, estes tropeções são mais valiosos do que ficar andando em um lado só na mesma opinião e comodidade hipócrita e medíocre em que o ser humano tem tendência a se acomodar. Antes de tudo, entre nós, quero que saiba, sou a impulsividade em pessoa e não recuso algo que eu poderia falar sim.

Abjetos

Nós, seres humanos, somos animais como todos os outros. A diferença é que temos inteligência o suficiente para controlar os nossos instintos, disfarçar os nossos pudores e fedores e esconder o que sentimos. Somos animais enrustidos por nossa própria natureza, às vezes, rasgamos a nossa fachada de humanidade e viramos animais selvagens, mostramos nossa real natureza sangrenta, nossos instintos, quem somos.

Os animais matam pela sobrevivência, nós, simplesmente matamos para nos sentirmos superiores em relação ao outro, este sentimento alimenta o consumismo, ter só para rir da cara do outro, a arrogância, a falsidade e fazer com que cresça maldosamente o ego do ser humano.

Nesta sociedade capitalista, os sentimentos estão banalizados, falar “eu te amo” hoje em dia, é quase a mesma coisa que falar bom dia, fala-se eu te amo até pra quem não se conhece, e nos esquecemos de realmente amar. E são nestes sentimentos disfarçados que mostram nosso real lado, nosso lado verdadeiro, fingimos sentimentos, ações e desejos. Fingimos, por isso não somos animais comuns, somos hipócritas por natureza, somos desonestos até com nós mesmos, nos iludimos. Parecemos civilizados e superiores, mas por dentro somos apenas uma carne podre sujeitos a todo tipo de sorte ou azar, de instintos carnais que nos rendem cada vez mais.

Quem sabe se não somos mais animais do que os próprios?

terça-feira, 1 de março de 2011

Tempos

Os velhos dias acabaram, sinto que estou inaugurando uma nova era, tudo tem um toque de novo, recém-descoberto, sensações reformadas, porém velhas.

Parecia livre, porém, não totalmente. Acoradava com uma tranquilidade feliz e ia dormir com o coração em intensas dore, preso ao meu corpo e sufocado, sem poder respirar os meus sentimentos.

A glória do tempo acabou, sem me prender às velhas frustadas obrigações, a pureza brilha em um mar de possibilidades e de oportunidades, contudo, este oceano é mais fundo do que eu, e pode me cobrir ou me sufocar, também pode ser que eu nem entre nele.

Tudo é possível nesta complicada vida, o velho nunca volta, de uma forma renovada, em novas releituras, apenas copiadas, mas nunca em uma forma lindamente pura. As suas memórias velhas são únicas, não podem ser substituídas e nem refeitas e voltam na sua cabeça.

O passado é um círculo vicioso de arrependimentos, o presente já é passado, o parágrafo anterior já é ultrapassado, já passou. O futuro serão as próximas linhas, os segundos e chega de forma lenta e surpreendente, matando segredos, escolhendo destinos.

Ilusões mentais

Segurando sua mão, eu seguiria qualquer direção. Eu já estava perdida, sozinha mesmo, com você seria mais divertido, seria mais rápido e mais fácil de me achar ou de me perder mais do que já estou. Sozinha, estou bem, mas não quero esquecê-lo, deixar minha inspiração ir assim. Quanto mais longe fico de você, mais inspirada fico.

Use-me como um cigarro, exale e inspire o ódio que você tem, nos meus ouvidos, dentro de mim, deixe-me sem forças, no chão. Quero ser seu álcool para prejuicar seus pensamentos, deixar sua visão embaçada, sua cabeça tonta e deixá-lo numa ressaca de sentimentos. Quero ser seu colar para me agarrar no seu pescoço. Você é a imperfeição mais perfeita.

A falta é a dor mais incompleta, mais impreenchível que existe, só quem a sente sabe o que é e por mais incrível que seja sinto sua falta. Meu inconsciente conspira contra mim, já são dois sonhos em uma semana, meus pensamentos disparam em sua direção assim e apesar das nossas bocas não se falarem, os nossos olhos se comunicam.

Eu queria que você fosse o sonho mais real, mais irreal ou profundamente surreal. Que seja. Somos jovens, o futuro é uma porta aberta para nós.

Solidão urbana

Mais uma inútil na cidade, em meio de milhões de pessoas, poucos famosos (realmente memoráveis e que merecem este título), poucos ricos (nadando em dinheiro e problemas), muitos fracassados (que não veem sentido em mais nada e isso nem depende de status ou riquezas), muitos problemáticos (remédios de tarja preta, doenças da alma, de sanidade, de existência), muitos compulsivos(necessidade de afogar a tristeza), muitos problemas, poucas soluções, poucas saídas, muitos becos sem luz, muita fuga, pouca realidade, muita tristeza para muito carnaval, tanta depressão para pouca euforia, muito medo para pouca coragem, muita falsidade para pouca sinceridade, muito choro para um simples sorriso, muita corrupção para pouca ressaca moral. Na cidade cinza, perdemos a alegria, olhamos tudo com uma certa e desesperadora melancolia frenética, viramos escravos da nossa própria perfeição, dos nossos sentimentos, esquecemos o quão bom é sorrir, alegrar-se com pouco, queremos sempre mais, o que gera o pior fracasso de todos: o fracasso mental, pensar que já perdeu sem tenatr e assim desistimos de lutar ou lutamos tanto contra algo que desfalecemos e perdemos a força.

Esquecemos de sentir e analisar, olhar o que está errado em você e nos outros, sentir-se podre por alguns dias e muito bem em outros, merecemos momentos felizes, apesar de não termos a felicidade em nossas mãos, saber celebrar o que é bom e ruim é o equilíbrio das nossas ilhas oscilantes de humor, nosso horror à chuvas ácidas, a dias calmos e tranquilos.