O sono já se pendura pesado em meus olhos, já vejo as olheiras no dia seguinte. Sinto o suicídio dos minutos se passando no ar. Mais roupas fora da mala do que dentro, mais leituras, menos reflexões, as bagagens aumentam, as roupas mudam. As máquinas ventilam, digito segredos para aparentes estranhos, começo a tomar o remédio pelo meio da cartela, mordo a banana já mordida, mordo minha raiva, comprimo os olhos, eu os fecho, limitando-os, eu o desenho mentalmente, desmonto, eu seria uma gênia se não fosse tão desorientada. Roo as unhas, explodo os amores, demonstro o seu monstro interior. Eu ri:
- Você ainda existe? Como me livrar de você? Eu penso que nunca deveria ter te conhecido, nunca ter sido corajosa o suficiente para despencar e cair dentro de você, em outro momento, penso nos nossos lindos filhos e na boa educação que eles terão, não precisa tê-los no meio, mas no nosso futuro trágico... So caí na sua superfície estática e fria, que não conheço bem. Tudo termina em você, assim como uma boa noite termina em ressaca. Você é a ressaca do meu mar, da minha solidão, você é a porra da brisa marítma que persiste em soprar em mim, apesar de tudo, você é a força que descobri, apenas uma mera idealização.
Tenho vontade de dormir, mas a de ver a vida é maior, mais presente no interior desses dias. As águas se encontram no mar. Ainda faremos uma tempestade.